Ficar no Brasil ou não ficar, eis a questão. Milhares de estudantes brasileiros foram confrontados com essa difícil e importante decisão há algumas semanas atrás. Voltar para a faculdade no meio da pandemia? Tirar um semestre/ano sábatico? Fazer aulas online de casa? Olhando de fora parece ser uma maravilha ter todas essas opções, mas não é bem assim. Vários fatores tiveram que ser considerados, e alguns eram cruciais: “é seguro voltar para a faculdade?”, “e se algo acontecer com minha família enquanto estou longe?”, “será que é tão ruim assim adiar a minha graduação?”. São várias as perguntas que estudantes internacionais se fizeram, mas hoje venho contar para vocês um pouquinho mais desse momento conturbado e como eu tomei a dura decisão de ficar no Brasil e fazer o meu penúltimo semestre da faculdade online.
Como todos devem saber, em março desse ano muitos estudantes internacionais tiveram que arrumar suas malas as pressas para voltar ao Brasil. O motivo? Uma pandemia que começava a assolar todos os cantos do mundo. Estudantes internacionais tiveram suas vidas viradas de cabeça para baixo da noite para o dia. Muitos tiveram que tirar todas suas coisas de seus dormitórios em menos de quarenta e oito horas. Achar passagem para voltar para o Brasil era outro problema, visto que os voos começavam a se tornar escassos. O medo e o caos era total, e as faculdades ainda não sabiam muito bem como lidar com a situação. Enfim, o sofrimento dos estudantes começou ali, em março de 2020. Contudo, muitos estudantes voltaram para o Brasil com a esperança de que até agosto tudo estaria normal e que voltar para suas faculdades seria possível. Infelizmente, não foi isso que aconteceu. As coisas pioraram e infelizmente muitos países restringiram a entrada de pessoas que estiveram no Brasil nos últimos quatorze dias. Os Estados Unidos foi um desses. Após isso acontecer, tive que tomar a dura decisão de ficar no Brasil e fazer o meu semestre online. Apesar de difícil, foi uma decisão consciente. Levei em consideração três fatores: (1) família, (2) segurança, e (3) estágio.
Estar próximo da minha família nesse momento tão difícil e confuso foi um fator muito determinante para ficar no Brasil. Por mais que eu tivesse a opção de ir para um país que não estivesse banido pelos EUA e ficar 14 dias de quarentena, decidi ficar perto das pessoas que amo nesse momento tão difícil. Olhando para a situação como um todo, pensei que jamais me perdoaria se eu estivesse longe e alguma coisa acontecesse com algum ente querido. A segurança que minha família me traz nesse momento, ninguém na faculdade conseguiria trazer.
O segundo fator foi segurança. Ter que viajar por horas e horas, passando por aeroportos e tendo que ir para outro país fazer quarentena não parecia algo tão seguro ao meu ver. As chances de pegar o vírus viajando pareciam altas, principalmente porque eu teria que pegar diversos voos para chegar aos Estados Unidos. Além disso, não teria nenhuma garantia de que minha entrada seria permitida quando chegasse lá, mesmo com todos os documentos.
Como terceiro e último ponto, eu teria a oportunidade de continuar meu estágio se ficasse no Brasil. Aprendo muito com a mão na massa, e estágio é uma das melhores formas de ganhar experiência. Esse não foi o principal fator para minha tomada de decisão, mas sem dúvidas teve importância. Ficando no Brasil me foi dada a oportunidade de estender o meu summer job até o fim de dezembro, fato que não aconteceria caso eu voltasse para os EUA.
Tomar essa decisão foi, sem dúvidas, uma das decisões mais difíceis que já tomei. Ficar longe dos meus amigos da faculdade no meu penúltimo semestre é algo muito difícil, mas dizem que são essas decisões complicadas que mais nos fazem aprender. E sem dúvidas eu tenho aprendido muito. Ter que considerar diferentes fatores com a emoção querendo atrapalhar a racionalidade foi difícil, mas hoje já comecei minhas aulas online e não me arrependo de forma alguma de não ter voltado.
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